Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

Índios da etnia Bororo denunciam situação de abandono

terça-feira, 17 de março de 2009, 00h00

Os índios da reserva Perigara (Bororo), localizada no município de Barão de Melgaço, a 111 quilômetros de Cuiabá, denunciaram ao Ministério Público do Estado verdadeiro descaso que acontece na comunidade. Mostraram que todo o acabamento da escola construída há menos de 1 ano foi feito com grampos. Isso mesmo usaram grampos para unir as canaletas e prender o forro do edifício que abriga cerca de 40 crianças. Como os grampos não sustentam o peso do forro de madeira a estrutura está caindo, pondo em risco a vida das pessoas, especialmente crianças, estudantes e professores que há pouco escaparam do desabamento da escola anterior que quase vitimou duas índias do ensino fundamental.

As famílias reclamam falta de atendimento da Fundação Nacional de Saúde, Secretaria de Educação do Estado, Prefeitura de Barão de Melgaço, entre outros órgãos. Por exemplo, cobram da Seduc responsabilidade pela construção mal feita, sem um engenheiro para acompanhar a obra que representa risco para todos. Eles destacaram ainda que pediram para a Seduc quatro salas de aula para abrigar também os alunos do ensino médio, mas receberam resposta negativa, alegando falta de condições financeiras.

A comunidade relatou também para a promotora Julieta do Nacimento Souza que há um bom tempo os medicamentos chegam praticamente vencidos, mesmo a reserva recebendo mensalmente visita de uma equipe médica composta de médico, enfermeiro e dentista. 'No máximo em um mês os medicamentos recebidos já estão com prazo de validade vencido', reclama o desperdício de dinheiro público Paulo Sérgio Buturekurireu, técnico de informática da aldeia. Com as chuvas, a reserva que abriga cerca de cem índios fica praticamente envolta em uma verdadeira nuvem de mosquitos, e não há sequer um antialérgico.

A merenda escolar somente chega para os alunos atendidos pela Seduc, as crianças que ficam no anexo conveniado com a Prefeitura de Barão de Melgaço não recebem absolutamente nada de refeição no período letivo.

Para piorar a situação, há três meses estão sem energia elétrica inviabilizando completamente o tratamento médico de crianças que necessitam de inalação. Segundo a comunidade, eles utilizam energia solar e dependem de apenas duas baterias para resolver o problema. Sem luz, as aulas funcionam somente em dois turnos.

Apesar das dificuldade, as crianças indígenas são esforçadas, estudam todas as disciplinas em dois idiomas: o de origem do povo Bororo e língua portuguesa. Eles vivem numa área de difícil acesso. A investigação do Ministério Público Estadual ao local foi possível por meio de uma aeronave do Estado conduzida pelo major PM Joel Outo e Jackson Aureliano.

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