Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

MPPE - Palestras sobre negociação, psicopatia e linguística fecham 2º Simpósio Internacional O Futuro da Inteligência Investigativa Forense e Comportamental

terça-feira, 14 de setembro de 2021, 17h52

A segunda semana do 2º Simpósio Internacional O futuro da Inteligência Investigativa Forense e Comportamental no Ministério Público, que ocorreu nos dias 8, 9 e 10 de setembro, abordou os temas Negociação com Pessoas Difíceis em cenários jurídico e operacionais, A Psicopatia no Banco dos Réus e Linguística Forense no contexto probatório da persecução penal, respectivamente.

O primeiro tema foi tratado pelo professor português de Investigação Criminal e Psicologia no Ciclo de Ensino Superior da Escola da Guarda Nacional Republicana e Membro da Equipe de Negociadores da Guarda Nacional Republicana na cidade do Porto, Paulo Vieira Pinto, que também é mestre em Ciências Forenses pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Em sua palestra, ele tocou em pontos fundamentais para um negociador obtenha sucesso como influenciar para persuadir com atitude e persistência algum criminoso com quem precisa dialogar para salvar vidas, assim como desenvolver o ritmo de uma negociação em ambientes incertos, técnicas de comunicação eficazes na resolução de conflitos e a comunicação com pessoas difíceis em disputas aparentemente intratáveis.

"É preciso compreender toda a dimensão das palavras e como vamos escolhê-las, pois podem afetar o resultado da negociação", afirmou Vieira Pinto. "Não temos que criar orações longas e complexas. Temos que ter boa postura, objetivos simples e claros. Perceber a emoção do interlocutor, entender a emoção e gerir a emoção", emendou o professor.

Segundo ele, é primordial saber que a pessoa com quem se negocia está em um estágio emocional diferente do nosso, geralmente bem alterado. Assim, é preciso fazê-la normalizar, calibrando as perguntas para evitar escaladas emocionais. "O que dizemos pode ter consequências fatais".

 



Já o tema do dia 9 ficou a cargo da brasileira Maysa Castello, que é psicanalista pelo Centro de Estudos Psicanalíticos de São Paulo, com especialização em psicanálise relacional e psicológica integral americanas, trouxe provocações como "inimputabilidade ou inaceitável impunidade a expor!?", "psicopatia, psicose ou perversão!?" "doença mental, transtorno psicológico ou só um aglomerado de traços comportamentais!?" "Justiça: derrubando em plenário o mito da suposta falta de consciência do psicopata".

“A psicopatia é um transtorno psicológico caracterizado pela falta de capacidade de empatia, culpa ou remorso, pela presença de uma atitude de dominância desmedida, pelo caráter centralizador e bastante impulsivo, além de manipulação emocional e desprezo em relação aos outros", salientou a psicanalista.

De acordo com ela, a psicopatia poderia ser o estágio de desestruturação do que há de humanidade no sujeito. "Isso requer uma investigação psíquica no cerne da maldade, com a coragem de poder encarar o que há de pior no ser humano”, destacou Maysa Castello, que possui diversos cursos de especialização na área comportamental pelo Enneagram Institute, que fica em Nova Iorque, nos EUA.

No dia de fechamento do simpósio, a espanhola Sheila Queralt, doutora em Ciências da Linguagem e professora de Linguística Forense em diversas universidades da Espanha, fez um apanhado de suas experiências como especialista em análise de anônimos e colaboradora, como expert em Linguística Forense, de diversas agências policiais espanholas e internacionais, em casos de corrupção, narcotráfico, homicídios e terrorismo.

Ela falou sobre produção de provas linguísticas em processos judiciais, como extrair conclusões linguísticas do perfil de um sujeito a partir de um texto ou gravação e como utilizar as conclusões da Análise Linguística Forense para produzir em subsequentes entrevistas de testemunhas.

Segundo a professora, com a linguística forense se pode analisar discursos e descobrir verdades e mentiras em depoimentos, pois o contexto pode ser falho, as orações embaralhadas, se consegue interpretar significados. Além de descobrir se o interlocutor é nativo do país ou de outro e de que país seria, jargões profissionais, religião, ideologia política, nível educacional, grupo social, etc. "Até pelas variáveis acústicas de voz, podemos supor ou determinar algo sobre quem fala. Assim como gírias, modismos de época nos revelam sobre a pessoa, como, por exemplo, a faixa etária ou tribo urbana a que pertence", alertou Sheila Queralt.

O perfil linguístico também leva ao perfil geográfico e de classe social, analisando a estrutura sintática das frases, as metáforas, o vocabulário, a pronúncia, a lógica e coerência nas sentenças. Segundo a professora, a linguística forense também é uma ferramenta útil em decifrar e interpretar cláusulas dúbias em contratos feitos em outros países, assim como leis estrangeiras. "A tradução literal pode levar a diversos erros e prejuízos. Entender a língua não é só usar o dicionário e a gramática. Existe o propósito, a coerência, entre outros pontos", concluiu Sheila Queralt.

1ª parte - As palestras iniciais do 2º Simpósio Internacional O futuro da Inteligência Investigativa Forense e Comportamental no Ministério Público se deram nos dias 31 de agosto, 1º e 2 de setembro, com temas que abordaram táticas e estratégias para interrogar e detecção de mentiras; a neurociência na análise comportamental; e as falsas memórias e suas consequências na identificação e reconhecimento de vítimas e suspeitos.  

 

 

 

Fonte: MPPE


topo