TJBA - JANEIRO BRANCO: COSOP CHAMA ATENÇÃO PARA MANTER O TEMA SAÚDE MENTAL EM PAUTA E COMBATER O PRECONCEITO
segunda-feira, 31 de janeiro de 2022, 15h38

Encerrando o mês de janeiro, a Coordenação de Saúde Ocupacional (COSOP) do Poder Judiciário da Bahia (PJBA) chama atenção para a importância de combater o preconceito e manter o assunto saúde mental em pauta. Temática que guia a Campanha Janeiro Branco, voltada para a sensibilização e conscientização sobre questões relacionadas à saúde mental e emocional.
No artigo abaixo, a Coordenadora da COSOP, a médica Diana Vincis promove reflexões sobre o tema. Destaca a necessidade de compreender e aceitar suas emoções, aprendendo a lidar com elas do modo mais saudável, sem hesitar a buscar ajuda, se necessário, assim como fala da importância de tentar construir formas de convivências que não afastem quem é “diferente”.
O MUNDO PEDE SAÚDE MENTAL! SE A DOR NÃO É SUA, NÃO CHAME DE DRAMA!
Por Diana Vincis, Coordenadora de Saúde Ocupacional do PJBAVocê já se fez alguma destas perguntas?
“Você sabe o que é Saúde Mental?” “Como você cuida da sua Saúde Mental?” “O que podemos fazer para nós e para os outros em relação à Saúde Mental?”
O que previne a perda da Saúde Mental e o que favorece o seu fortalecimento?Não há respostas certas ou erradas para todos, e uma vez dito isso, vamos conhecer um pouco sobre o que organizações e profissionais de saúde falam sobre o assunto:
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental é uma condição na qual o ser humano alcança o que se denomina de bem-estar integral, o qual engloba as esferas orgânica, psíquica, social e espiritual. Neste estágio de bem-estar os indivíduos concretizam e atualizam suas aptidões, conseguem enfrentar as dificuldades existenciais do cotidiano, trabalham produtivamente e ajudam a desenvolver o grupo social no qual estão inseridos.
Saúde mental não é apenas a ausência de doenças ou enfermidades.
Diariamente, vivenciamos uma série de emoções, boas ou ruins, mas que fazem parte da vida. Ter saúde mental, no entanto, não é tão simples quanto parece, principalmente nos dias de hoje.
Alegria – Felicidade – Tristeza – Raiva – Frustração – Satisfação – entre outras. Como lidamos com essas emoções é o que determina como está a qualidade da nossa saúde mental. Precisamos lidar diariamente com diversos fatores potencialmente ofensores, tais quais: estresse, brigas, atrasos, advertências, doenças, incapacidades, falta ou excesso de família, dinheiro…
Outra questão muito importante quando falamos de saúde mental é o preconceito ainda bastante presente na sociedade, quando falamos sobre transtornos ou doenças psiquiátricas. Começando pelo lugar que a loucura ocupou na história, tendo o louco como alguém a ser afastado, enclausurado, aquele que não compartilha da ‘mesma realidade’ que os demais. Aquele intangível que está relacionado ao mal, ao descontrole, ao diferente.
Hoje em dia, muitas questões relacionadas a saúde mental ainda ocupam um lugar bastante nebuloso quanto ao seu diagnóstico. Um diabético tem um exame com uma medida glicêmica que prova o que ele tem e o mesmo vale para questões cardíacas e outras tantas doenças crônicas. Como a saúde mental está no corpo e no meio, e muitas vezes não tem um exame diagnóstico complementar que a caracterize, pode ser concebida como uma fraqueza do indivíduo, algo sobre o qual ele teria condições de atuar e não o faz.
Essa frase utilizada como exemplo em uma publicação do hospital israelita Albert Einstein é brilhante:
Nossa, aquele menino tem tudo por que ele está deprimido ou ansioso?
Troque a depressão por câncer e veja como fica esquisito:
Nossa, aquele menino tem tudo por que ele está com câncer?Justamente pelo preconceito e julgamento, as pessoas não querem ser reconhecidas no lugar daqueles que têm transtornos mentais, com o risco de serem vistos como fracos ou descontrolados, algo que vai desde questões morais até as questões éticas. No caso de crianças então, a família se sente muito culpada e exposta.
VALE A PENA LEMBRAR QUE UMA PARCELA SIGNIFICATIVA DA POPULAÇÃO ESTÁ DEPRIMIDA E ANSIOSA, MAS NÃO ESTÁ INTERNADA, POIS AINDA CONSEGUE SE SUBMETER AO FUNCIONAMENTO DA SOCIEDADE E FREQUENTA O TRABALHO, A ESCOLA E OUTROS LUGARES SEM FAZER GRANDES ALARDES.
Combater o preconceito é sempre falar sobre o tema, propor debates e tentar entender que cada um tem seu jeito de funcionar, mesmo que seja diferente do seu jeito. E tentar construir formas de convivências que não afastem quem é “diferente”.
Na infância, por exemplo, as crianças com autismo têm bastante dificuldade de inserção nas escolas. Falta, da parte de todos, um pouco de empatia e flexibilidade para pensar onde encontramos o ponto comum. Não é que essas crianças não aprendam, elas aprendem de outro jeito. Não é que não sabem brincar, elas brincam de outro jeito. Mas a vida corrida não nos dá tempo de aprender com o outro o jeito de fazer as coisas.
No mundo adulto também falta bastante conversa sobre isso. Todo mundo tem que ser muito bom, o tempo todo. Tem que ser 100% em tudo: no trabalho, na família, na academia, na escola. Temos que falar mais sobre isso, temos que nos permitir sofrer quando é preciso, reconhecer o sofrimento do outro.
Então como podemos manter ou conquistar a tão desejada Saúde Mental? Pequenas ações inseridas no cotidiano podem provocar grandes mudanças ao longo do tempo, com um impacto positivo no seu corpo e mente. O que você sabe sobre autocuidado? Conhece os seus pilares? Nutrição, movimento/atividade física, práticas mente-corpo, espiritualidade, relacionamentos, ambiente físico/contato com a natureza.
A SAÚDE MENTAL NÃO PODE ESTAR DESCONECTADA DA SAÚDE DO CORPO, PORQUE SAÚDE É UMA SÓ.
Práticas mente-corpo como o Yoga, a meditação mindfulness, tai-chi entre outras, podem auxiliar no foco, facilitando o estado de consciência sobre o que está acontecendo agora, sobre as sensações e necessidades do corpo e, consequentemente, da mente.
É possível encontrar este estado de conexão em outras práticas como corrida, escutando uma música que você gosta, lendo um bom livro, algo que realmente te traga para o contato consigo mesmo.
Então vamos as dicas em busca da saúde mental, lembrando que, mais uma vez, não há uma solução perfeita para todos os casos:
-Antes de tudo conheça a si mesmo
-Estabeleça rotinas
-Durma melhor
-Pratique exercícios físicos e se alimente adequadamente
-Faça atividades prazerosas para si: compreender o gosta e o que não gosta de fazer, estabelecendo um Hobbie pode aprimorar em muito a sua percepção de qualidade de vida e sensação de bem-estar.
-Consulte seu médico regularmente, tenha um comportamento preventivo!
-Reforce laços de amizade e familiares que sejam benéficos para si. Não se isole!
-Controle o estresse. Tente minimizar atividades que você entende que sejam promotoras de estresse, e quando isso não for possível, mude suas atitudes diante delas.
-Permita-se relaxar e, de tempos em tempos, ter tempo para “não fazer nada”!
-Desconecte-se! O uso indiscriminado das redes sociais pode levar a uma piora da qualidade de sono, má distribuição do tempo e favorecer para que tenhamos uma perspectiva mais negativa da nossa qualidade de vida (vidas não são apenas as fotos dos melhores momentos).Compreenda e aceite suas emoções aprendendo a lidar com elas do modo mais saudável. Não hesite em procurar ajuda se necessário. Não feche os olhos. Não buscar ajuda contribui para o agravamento do estado emocional, o que pode levar a pensamentos e ideações suicidas!
Fonte: TJBA