MPF - Crescimento da atuação do MPF em tribunais do júri é destaque em abertura de evento em Brasília
quarta-feira, 30 de novembro de 2022, 16h49
Em oficina, promotores de Justiça estaduais compartilham experiência com procuradores do Grupo de Apoio ao Tribunal do Júri da Câmara Criminal do MPF
Foto: Leobark/Secom/MPF
A participação de membros do Grupo de Apoio ao Tribunal do Júri da Câmara Criminal do Ministério Público Federal (GATJ/MPF) em tribunais de júri cresceu de quatro, em 2021, para 17, neste ano. O aumento foi destacado pelo coordenador do órgão, Carlos Frederico Santos, durante a abertura da Oficina do Tribunal do Júri, nesta terça-feira (29), em Brasília. “O trabalho de vocês está sendo cada vez mais solicitado pelos colegas e é reconhecido não só pela Câmara Criminal como pelo Ministério Público Federal, inclusive pela alta cúpula, que tem conhecimento desses resultados”, afirmou o coordenador.
Carlos Frederico Santos mencionou o Caso Sevilha como uma das atuações de destaque do MPF em Tribunal do Júri. O julgamento tratou do homicídio do auditor fiscal da Receita Federal, José Antônio Sevilha, morto há 17 anos, em uma emboscada, em função do exercício de seu trabalho. “Esse foi o júri mais longo da história da Justiça Federal brasileira”, ressaltou o coordenador. Foram seis linhas de investigações no processo, com mais de 20 mil páginas, 18 dias de julgamento e penas que, somadas, ultrapassam 62 anos de prisão.
Na oficina, que segue até esta quinta-feira, 1º de dezembro, promotores de justiça dos Ministérios Públicos do Rio Grande do Sul e de São Paulo vão compartilhar experiências da atuação em tribunais do júri com os quinze procuradores da República que integram o GATJ, além de integrantes do Colegiado. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também contribuirá com o MPF.
Para o coordenador do Grupo, o procurador da República Samir Cabus Nachef, os membros do GATJ são os especialistas do MPF no procedimento de júri e, por isso, auxiliam membros de toda a instituição em processos nos quais procuradores da República precisam acompanhar o plenário do Tribunal do Júri. “O GATJ aumentou muito o resultado vitorioso do MPF em tribunais do júri”, avaliou Cabus Nachef, mencionando grandes vitórias.
A mais recente delas resultou na condenação de lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) que determinaram a morte de agentes penitenciários federais. Outra conquista, segundo o coordenador, refere-se ao novo Tribunal do Júri, promovido neste ano, para o caso conhecido como Chacina de Unaí. Nesse caso também houve condenação. O caso ocorreu em 2004, quando três auditores fiscais e o motorista que os acompanhava foram assassinados em uma emboscada no município de Unaí (MG), durante fiscalização de rotina em fazendas da região.
Criado em 2016, o coordenador lembrou que a ideia inicial do Grupo era apenas acadêmica, com objetivo de elaborar manuais e protocolos de atuação, mas acabou se tornando um grupo de execução. “Hoje nós somos designados pela 2ª Câmara para, juntamente com o procurador natural, acompanhar processos do Tribunal do Júri. Atuamos em todas as instâncias, em todas as fases do processo, principalmente em plenário, que é o clímax do júri”, explicou, destacando a importância da oficina para atualização doutrinária da temática. Além disso, reforçou a necessidade da troca de experiências com os promotores estaduais, uma vez que eles têm uma rotina de júri muito mais pesada, comparada com a do MPF.
Evento – A Oficina do Tribunal do Júri é uma iniciativa da Câmara Criminal do MPF com o objetivo de trocar experiências e tratar de temas referentes à atuação perante o Tribunal do Júri, como prova indiciária e dolo, eficácia do discurso acusatório em plenário e técnicas de oratória e interrogatório na atuação.
FONTE: MPF