Comer comida queimada faz mal à saúde?
terça-feira, 14 de março de 2023, 13h12
É muito provável que você mantenha até hoje, talvez sem perceber, alguns dos hábitos de comer e cozinhar que aprendeu com adultos quando era jovem.
Talvez você nunca tenha lambido comida da faca, por exemplo, ou tenha o costume de jogar sal sobre seus ombros para afastar os maus espíritos.
Muitos desses hábitos estranhos provavelmente são apenas superstições, mas existe um costume em particular que pode ter sido profético algumas décadas atrás. Afinal, ele se baseia em uma descoberta científica que ainda não havia ocorrido.
Foi apenas em 2002 que cientistas da Universidade de Estocolmo, na Suécia, descobriram que pode realmente ser aconselhável raspar os pedaços queimados da sua torrada.
Eles descobriram que uma substância chamada acrilamida forma-se quando aquecemos certos alimentos – incluindo batatas, pão, biscoitos, cereais e café – a mais de 120°C e o açúcar dos alimentos reage com o aminoácido asparagina. Este processo é conhecido como a reação de Maillard, que faz com que o alimento adquira a coloração marrom e gere aquele sabor característico de "coisa queimada".
Os cientistas descobriram que a acrilamida é carcinogênica nos animais, ainda que em doses muito mais altas que as dos alimentos humanos.
A acrilamida também pode aumentar o risco de câncer em seres humanos, especialmente em crianças, segundo a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar. Mas os pesquisadores que estudam seus efeitos em seres humanos ainda não conseguiram chegar a uma conclusão definitiva.
"A acrilamida pode afetar o estrogênio ou a progesterona, o que explicaria o câncer feminino, mas ainda não há comprovação a respeito", afirma o professor.
Estudos de laboratório com ratos também encontraram relações entre a ingestão de acrilamida e câncer nas glândulas mamárias, na glândula tireoide, nos testículos e no útero, o que também sugere um processo hormonal. Mas isso não significa necessariamente que os riscos sejam similares em seres humanos.
Leia mais na fonte: BBC