UNICEF lidera Aliança pela Vacinação contra o HPV no CE e RN para imunizar 90% de meninas e meninos de 9 a 14 anos até 2026
terça-feira, 01 de julho de 2025, 16h00
Quase três milhões de crianças e adolescentes de 9 a 14 anos ainda não foram vacinados contra o HPV (Papilomavírus Humano) no Brasil, infecção responsável por quase 100% dos casos de câncer de colo do útero, conforme dados do Ministério da Saúde de 2024. É preciso romper barreiras sociais e enfrentar a desinformação para reverter esse cenário, evitando uma doença grave (e muitas vezes letal) para a qual já existe vacina. Foi com esse intuito que o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e parceiros lançaram, no dia 27 de junho, a Aliança pela Vacinação contra o HPV, que visa alcançar cobertura vacinal de 90% contra o HPV para o público-alvo, até 2026, no Ceará e no Rio Grande do Norte.
Lideram a iniciativa, além do escritório do UNICEF em Fortaleza, os Governos do Ceará e do Rio Grande do Norte, por meio das Secretarias da Saúde, e o Grupo Mulheres do Brasil (Núcleos CE e RN). O evento ocorreu na capital cearense, no auditório do RioMar Kennedy, e contou com a gravação de um podcast transmitido ao vivo pelo YouTube, conduzido pela jornalista Kézya Diniz. A Aliança reforça a importância da imunização de adolescentes de 9 a 14 anos para prevenir o câncer de colo de útero e recebe o apoio do Instituto do Câncer do Ceará (ICC), da Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceará (APDMCE) e do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (COSEMS).
Também foi apresentado o Observatório da Saúde da Mulher, desenvolvido pelo Grupo Mulheres do Brasil, que traz o cenário nacional da cobertura vacinal contra o HPV, com dados por estado e município, a partir de dados do Ministério da Saúde. “Cada município vai acessar o Observatório e ver qual é a sua meta de vacinação. Nós queremos que todos os adolescentes de 9 a 14 estejam vacinados em 2025, mas precisamos acompanhar anualmente esse cenário e bater a meta de 90% em cada um dos próximos cinco anos”, convocou o chefe do escritório do UNICEF em Fortaleza, Rui Aguiar.
A cobertura vacinal de 90% contra o HPV deve ser alcançada até 2030 para meninas aos 15 anos de idade, conforme definido, em 2020, pela Assembleia Mundial da Saúde e adotado pelo Brasil como uma das estratégias para a eliminação do câncer de colo do útero. Para atingir essa meta, é preciso imunizar 128.574 adolescentes nos municípios cearenses e 62.641 meninas e meninos potiguares. No Ceará, a taxa de imunização contra o HPV, na faixa etária de 9 a 14 anos, é de 72,5%, contra 66,9% no Rio Grande Norte.
“A primeira coisa que a gente precisava era enxergar. Todos esses dados são públicos e existem em algum site que dá para fazer uma busca, mas nós resolvemos juntar de uma forma simples para cada gestor, cada agente comunitário de saúde entender a realidade do seu município”, ressaltou Annette de Castro, cofundadora e vice-presidente do Grupo Mulheres do Brasil.

Vacina contra o HPV é uma vacina contra o câncer
Para o secretário de Saúde do Rio Grande do Norte, Alexandre Motta, é fundamental disseminar a informação de que o Brasil já conta com uma vacina contra o câncer. “O vírus do HPV é responsável pelo câncer de colo de útero, e a gente tem uma ferramenta importantíssima de evitar que alguém tenha câncer. É importante que todas as pessoas se convençam disso: de que essa vacina tem a capacidade de evitar que as pessoas peguem câncer”, disse. “Se vocês se vacinariam contra o câncer, convençam as pessoas que estão no seu convívio de que vacinar contra o câncer hoje é possível. Essa vacina está presente em dose única e confere uma alta segurança e alta imunidade”, acrescentou.
Durante o debate, foi unanimidade entre as falas a necessidade de um pacote de ações inovadoras e integradas para vencer preconceitos e ampliar a cobertura vacinal. “Mesmo considerando que vamos diminuir a desinformação e reduzir as fake news, todos nós precisamos nos movimentar, enquanto agentes e atores que participam desse movimento, para conseguir chegar mais perto, encontrar novas estratégicas, ampliar o horário de vacina e se aproximar dos adolescentes”, apontou o secretário executivo de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde do Ceará, Antônio Lima (Tanta).
Entre essas estratégias está a mobilização de adolescentes, através da educação entre pares: de jovem para jovem. “Adolescente escuta adolescente. É bom você ouvir alguém que está passando pelo mesmo momento que você. Então eu posso chegar e incentivar que esse adolescente possa se vacinar contra o HPV. Posso convidar e dizer: vamos nos vacinar e depois a gente vai dar uma volta no shopping?”, exemplificou Paula Gabriella, de 14 anos, integrante da iniciativa Adolescentes Comunicadores de Saúde (Adocs), desenvolvida pelo Programa Gente Adolescente, da Prefeitura Municipal de Fortaleza.
Trabalho intersetorial e coletivo
O público do evento reuniu diferentes profissionais de 116 municípios cearenses: técnicos, gestores e, representando o Selo UNICEF, mobilizadores de Saúde e articuladores. “Nós estamos muito felizes que vocês atenderam nosso chamado da imunização como direito. E não temos como fazer isso sozinhos, isso é uma ação intersetorial. A gente precisa estar junto das secretarias, dos gestores e dos adolescentes. E vamos fazer isso pegando carona na metodologia do Selo UNICEF”, detalhou Madeline Abreu, oficial de Saúde do UNICEF para o escritório de Fortaleza.
Durante a primeira fase, será executado um plano de trabalho que inclui uma série de ações envolvendo atores do poder público e parceiros:
- Capacitação de 1.200 profissionais de 300 municípios do Ceará e Rio Grande do Norte sobre conteúdos relacionados ao direito à imunização na adolescência. Público-alvo: mobilizadores de Saúde do Selo UNICEF e técnicos da Educação e Saúde;
- Oficinas sobre o direito à imunização na adolescência com 1.600 adolescentes dos Núcleos de Cidadania de Adolescentes (NUCAs), do Selo UNICEF, que atuarão como jovens comunicadores da saúde em suas comunidades nos municípios cearenses e potiguares;
- Produção de materiais educativos em colaboração com parceiros da iniciativa;
- Apoio técnico às estratégias do Programa Saúde na Escola (PSE) para fortalecer a vacinação nos municípios que participarão da edição atual do Selo UNICEF.
O acesso ao imunizante contra o HPV é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para o público de 9 a 14 anos. Também têm direito à vacinação gratuita, entre 15 e 45 anos de idade, pessoas com HIV, transplantados, pacientes oncológicos, imunossuprimidos e vítimas de violência sexual. A vacinação protege contra tipos do vírus do HPV responsáveis pela maioria dos cânceres do colo do útero, além de outros que causam verrugas genitais. Quando aplicada precocemente (até 14 anos de idade), a eficácia da vacina chega a quase 100% na prevenção desses tumores.
A Aliança pela Vacinação contra o HPV busca garantir a saúde integral e integrada de adolescentes, estratégia prevista na edição atual do Selo UNICEF (2025-2028), com foco na ampliação da cobertura vacinal e no fortalecimento de uma cultura de imunização na segunda década da vida.
FONTE: UNICEF