MPMT: Saúde mental e demanda reprimida são discutidas pelo MP em Rondonópolis
sexta-feira, 26 de setembro de 2025, 12h25
O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) realizou, nesta quarta-feira (25), em Rondonópolis, mais uma edição do projeto Diálogos com a Sociedade, com o tema “Atendimento à saúde mental e o desafio da demanda reprimida”. O encontro, realizado no estúdio de vidro do Rondon Plaza Shopping, destacou a defesa da saúde mental como direito fundamental e reafirmou o papel do MPMT na articulação de soluções para garantir acesso a tratamentos adequados.
Participaram do debate a promotora de Justiça Patrícia Eleutério Campos Dower, titular da 4ª Promotoria de Justiça Cível de Rondonópolis e coordenadora adjunta do Centro de Apoio Operacional de Educação (CAO Educação) do MPMT; a juíza Maria das Graças Gomes da Costa, titular da Vara Especializada da Infância e Juventude de Rondonópolis; e a psicoterapeuta Raquel Peron, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental.
A promotora Patrícia Dower chamou atenção para as fragilidades na estrutura do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSI) de Rondonópolis e os impactos diretos no atendimento de crianças e adolescentes.
“Profissionais sem estabilidade não criam vínculos, não permanecem tempo suficiente para se qualificar e, com isso, a fila só aumenta. O resultado são crises sucessivas, pedidos de internação psiquiátrica e comportamentos agressivos em adolescentes que nunca receberam intervenções eficazes, capazes de realmente transformar sua realidade”, afirmou.
Diante das limitações na prestação dos serviços, a juíza Maria das Graças comentou sobre o aumento significativo de casos de saúde mental na infância e na adolescência. “Temos observado um aumento expressivo de demandas. Até ontem, contabilizamos 999 processos, em sua maioria relacionados à necessidade de terapias adequadas. Isso nos desafia diariamente e exige apoio para enfrentarmos as dificuldades, tanto profissionais quanto pessoais.”
A promotora Justiça também explicou que o Ministério Público busca ir além da atuação em casos individuais, apostando em estratégias coletivas. “Nosso papel é garantir não apenas o tratamento clínico, mas também articular políticas públicas que contemplem educação, saúde, assistência social e justiça. Isso exige diálogo, compromisso dos gestores e investimentos em serviços com eficácia científica comprovada.”
Ela ainda ressaltou a necessidade de priorizar crianças e adolescentes. “É preciso colocar crianças e adolescentes no centro do orçamento público e estabelecer metas de longo prazo. Não basta resolver a urgência, temos que pensar em políticas estruturantes que mudem a realidade.”
Já a psicoterapeuta Raquel Peron reforçou a importância de intervenções baseadas em evidências. “Saúde mental não é ausência de problemas, mas a capacidade de lidar com eles de forma adaptativa. Precisamos de estratégias cognitivas e comportamentais que ajudem as pessoas a enfrentar os desafios da vida de maneira saudável. A saúde mental é uma responsabilidade de todos e está em todos os ambientes”
O encontro também reforçou a relevância do trabalho em rede, reunindo o sistema de justiça, profissionais da saúde, instituições públicas e sociedade civil organizada.
O Diálogos com a Sociedade conta com o apoio de parceiros institucionais, entre eles Amaggi, Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Águas Cuiabá, Bom Futuro, Energisa, Instituto da Madeira do Estado de Mato Grosso (Imad), Nova Rota do Oeste, Oncomed-MT, Rondon Plaza Shopping e Unimed Mato Grosso.
FONTE: MPMT