Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

LUNETAS:A despedida da infância na série ‘O dia em que minha vida mudou’

sexta-feira, 19 de setembro de 2025, 14h55

A infância dura apenas 12 anos. Se o brasileiro vive, em média, 76 anos, então somos crianças durante apenas um sétimo de toda a vida. No entanto, é comum encurtar essa fase. Para a educadora e psicanalista Carolina Delboni, o tempo para brincadeiras é cada vez mais cedo ocupado com tarefas que miram um futuro brilhante.

 

Nesse sentido, o psicanalista Joel Birman afirma que o início precoce da adolescência tem relação com o aumento da exigência de performance e que esse processo impacta a construção da identidade na juventude. De acordo com ele, acelerar etapas acaba por borrar os limites entre infância, adolescência e vida adulta. Isto é, crianças começam a agir como adolescentes antes da hora e jovens têm dificuldades para lidar com as responsabilidades da vida adulta que se aproxima.

 

Não bastassem essas novidades do desenvolvimento, quem chega ao fim da infância hoje enfrenta desafios ainda mais complexos: as redes sociais, a pressão por desempenho na escola e até preocupações em relação à crise climática, por exemplo. Em seu livro “As dores da adolescência: como entender, acolher e cuidar” (Summus Editorial), Carolina fala sobre “a intensidade com que o corpo e a mente reagem às experiências” dessa fase. E como os questionamentos aparecem cada vez mais cedo. “É comum ouvir dos pais que aos 11 anos os filhos trazem questões que antes apareciam com 14 ou 15 anos”, afirma.

 

Quem está preparado para a despedida da infância?

 

De um dia para o outro, aquela criança fofa, que adorava os passeios em família e ficava ansiosa pelo fim de semana bate a porta do quarto, acha tudo um tédio e não quer mais conversar.

 

Para lidar com a angústia de conviver com esses “seres estranhos” debaixo do mesmo teto, a escritora e roteirista Keka Reis escreveu o primeiro livro da série “O dia em que minha vida mudou”. Sua filha, que hoje tem 20 anos, estava então se despedindo da infância. “Acho que foi uma despedida um pouco forçada, de um jeito até acelerado. No sentido que o mundo está pedindo isso para as crianças hoje em dia”, explica. “Vê-la passar por isso foi desafiador. Então, escrevi com o coração de mãe, vendo alguém que não está pronto. Que está de boa na infância e o mundo ao redor puxando para a próxima fase.”

 

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