Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

MPES promove diálogo sobre adultização e desigualdade na infância no XI Encontro da Juventude Negra 23/10/2025

quinta-feira, 23 de outubro de 2025, 16h24

Nos últimos tempos, os direitos da criança e adolescentes ganharam destaque em debates sociais. A preservação da infância e a exposição exacerbada nas mídias digitais foram pautas de inúmeras matérias.

 

O levantamento realizado em 2024 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que a maior parte do trabalho infantil é realizado por crianças negras ou pardas, dos 5 aos 17 anos, representando 66% dos jovens nessa situação.

 

Neste cenário, o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio do Núcleo de Proteção aos Direitos Humanos (NPDH), do Núcleo de Proteção aos Direitos da Juventude (NEJU), do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude (CAIJ) e do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF), promoveu um diálogo sobre “Adultização e Desigualdade na Infância e Juventude Negra”.

 

A pauta foi o tema da vez no XI Encontro da Juventude Negra, realizado pelo MPES na tarde desta quinta-feira (23/10), no Auditório da Procuradoria-Geral de Justiça, reunindo membros, servidores, coletivos e sociedade civil.

 

Confira as fotos do evento.

 

 

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Na abertura, representando o Procurador-Geral de Justiça, Francisco Berdeal, a Subprocuradora-Geral de Justiça Institucional, Luciana Andrade, reforçou o compromisso do MPES com a temática e a importância de garantir os direitos de todos perante a Justiça.

 

Ao seu lado, a Subcoordenadora do NEJU e mediadora do evento, Promotora de Justiça Jéssika Lima da Luz, pontuou que, por estar em um contexto de vulnerabilidade social que há séculos vem sendo reproduzido em nossa sociedade, crianças e jovens negros têm assumido papéis de adulto.

 

“O trabalho infantil, por exemplo, é uma dessas vertentes. Por isso, o Ministério Público precisa combater esse mal em nossa sociedade para proteger as nossas crianças e adolescentes de crescerem antes da hora.”

 

Também participou da mesa de honra a Coordenadora de Proteção e Defesa da Fauna (CPDF), Procuradora de Justiça Edwiges Dias, representando a Coordenadora do NPDH, Procuradora de Justiça Catarina Cecin Gazele.

 

Iniciando as palestras, o Coordenador Regional do Instituto Equidade.info e Mestre em Reações Ético-Raciais do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET), João Marcos Bigon, trouxe uma análise das raízes da invisibilização que a juventude negra sofre historicamente na sociedade brasileira em sua apresentação “Qual o lugar na infância negra na pauta da adultização?”.

 

“Todo esse movimento de retirar a inocência da infância, que ocorre com as crianças negras, impacta na vida psicológica delas para o resto das suas vidas. Quando a gente não produz uma infância sadia para crianças negras, a gente está, consequentemente, produzindo uma vida adulta que também não é sadia”, explicou.

 

Para finalizar, a palestra “A urgência de ser criança: adultização, racismo e desigualdades”, da Vice-Presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CRIAD/SEDH), Keila Barbara Ribeiro da Silva, abordou a importância de um Estatuto da Criança e do Adolescente forte, para que sejam garantidos os direitos de toda a juventude, e não só de uma parcela socioeconomicamente privilegiada.

 

“A adultização das crianças negras não é um tema recente. Se pegar o histórico brasileiro, é algo que acontece desde o período da colonização, com a escravização dos negros, as crianças que vêm, já eram tratadas sempre como adultos em miniatura, sempre como objeto e não sujeito de direito.”

 

O encontro, que chega em sua 11ª edição, reforça o papel do Ministério Público na sociedade, sempre atento a essa e outras questões para a defesa das crianças e adolescentes negros do nosso Estado.

 

 

FONTE: MPES


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