TJMS: 1ª edição do Curso de Preparação à Adoção on-line foi um sucesso
quarta-feira, 29 de julho de 2020, 13h03
Até o dia 3 de agosto, estão abertas as inscrições para a segunda edição do Curso de Preparação à Adoção (CPA) on-line, uma inovação tecnológica lançada pelo Tribunal de Justiça, por meio da Coordenadoria da Infância e da Juventude (CIJ) de MS, como estratégia para não deixar os pretendentes à adoção sem atendimento, já magistrados e servidores do Poder Judiciário estão em teletrabalho para evitar a proliferação e contaminação do coronavírus.
Importante que se diga que o Curso de Preparação à Adoção Nasce uma Família (EaD) é a continuação de um projeto iniciado em 2019 pela Desa. Elizabete Anache que, em parceria com seis fotógrafos profissionais, provocou debates e reflexões em todas as camadas da sociedade sobre o direito à convivência familiar com uma exposição de fotografias com o registro do cotidiano de famílias que tiveram suas vidas transformadas pela adoção.
A Desa. Elizabete Anache, Coordenadora da Infância e da Juventude (CIJ) de MS, lembra que o curso "Nasce uma família" surgiu da necessidade de suprir a ausência de cursos presenciais de preparação à adoção durante a pandemia do coronavírus. “Tínhamos mais de 200 pretendentes à adoção que não obtinham a habilitação justamente porque o Judiciário não poderia atendê-los nessa necessidade”, relata.
E os frutos da inovação, com o trabalho de profissionais capacitados e qualificados, já começa a render frutos positivos. “Vi as avaliações dos participantes e foram muito impactantes. O curso é o primeiro nesse formato (EAD com tutoria) e vários tribunais do país já nos contataram pedindo uma parceria para aplicá-lo. A repercussão foi muito positiva, tanto que já iniciamos as inscrições para a segunda edição, que será realizada a partir do mês de agosto”, conta a magistrada.
O que dizem alguns participantes? Estarão preparados para construir uma história de amor? As professoras Alessandra Moura da Silva, 46 anos, e Edineia Ribeiro dos Santos, 34 anos, estão juntas há 14 anos e, desde o início, Alessandra sonhava adotar dois irmãos. O sonho era tão lindo e tão real que Edineia começou a sonhar com ela.
Nos últimos cinco anos, elas começaram a se preparar para receber as crianças, por isso, inscreveram-se para o CPA – requisito obrigatório para que deseja adotar. As duas fizeram parte da primeira turma do curso on-line, garantem que o material de leitura é muito enriquecedor e agradecem aos profissionais que gravaram os vídeos do curso, por contribuírem de forma generosa ao compartilhar seus conhecimentos.
Além de recomendar o curso para quem deseja ter ou aumentar a família, por meio da adoção, as duas professoras confessam que estão fazendo propaganda para os amigos dos aprendizados e lições que tiveram nos dois meses de curso CPA on-line.
“Adoramos o curso e acreditamos que todos os pais adotivos ou biológicos deveriam usufruir dessa gestação, que contribui para esse bem viver comum. Sempre teremos dúvidas, e o frio no estômago, quanto a estarmos preparadas para cada nova fase e, ao mesmo tempo, termos a segurança de ter os conhecimentos necessários para esse futuro que, com nossos exemplos diários, fará a diferença na vida de nossos filhos tão esperados”.
A professora universitária Andréia Alencar, 34 anos, conta que a ideia de procurar o curso nasceu de um sonho antigo: a adoção. Ela acredita que o preparo físico e emocional são vitais para que o processo tenha êxito, por isso a capacitação ofertada pelo TJMS corroborou a certeza de que em um futuro, distante ou não, ela será mãe.
“Sobre o curso, agradeço pela maneira com que a equipe se reinventou em meio ao caos: muito obrigada. Gostei muito do curso como um todo, principalmente pela linha que escolheram, pois gosto muito de movimento cíclico e consegui ver o início dando as mãos ao fim. Destaco ainda a pluralidade de vozes que ecoaram durante todo o preparo, e a atenção da equipe”, disse ela.
Andréia acredita que o curso seja importante para quem pretende adotar e para quem não pretende, uma vez que ainda há mitos sobre o processo que precisam ser desmistificados. “Penso que SER FAMÍLIA é uma possibilidade de mudar o mundo, diante disso, se mais famílias pudessem, de fato, se preparar para receber um filho, indiferente se por adoção ou não, teríamos mais lares estruturados”, opinou.
Sobre sentir-se preparada para a adoção, ela acredita que está no gestar e precisa de tempo para assimilar tudo o que foi apresentado no curso que, sem dívidas, ela vai indicar a outras pessoas. “Para mim, em uma visão particular, o tempo de assimilar não é cronológico. Todavia, sinto-me cuidando do corpo e da alma a fim de receber minha criança. E há beleza na espera, afinal, o curso contribuiu para um ‘pré-natal’ consciente”, finalizou.
A primeira edição do curso, realizado por meio da plataforma EaD da Escola Judicial (Ejud-MS), na modalidade EaD, teve quase 250 participantes, divididos em quatro turmas, e foram tutoras a juíza Katy Braun do Prado, da Vara da Infância, da Adolescência e do Idoso da Capital, e a desembargadora aposentada Maria Isabel de Matos Rocha.
Para a magistrada Maria Isabel, o curso foi uma experiência bastante intensa, pois os tutores foram desafiados diariamente a acompanhar os progressos dos participantes, que aprenderam como funciona o sistema e o processo de adoção, os aspectos psicológicos e sociais importantes para criança e adultos se adaptarem mutuamente.
“Um conteúdo delicado que salientaram foi a compreensão da origem da criança, os vínculos de afeto que ela traz e que vai construir depois. Eles gostaram sobretudo do conteúdo sobre o desenvolvimento infantil e sentiram-se mais seguros a partir do momento em que conheceram a atuação dos grupos de adoção, que proporcionam informação, apoio e aconselhamento a quem quer adotar ou já adotou” disse ela.
Os conteúdos do Curso e seus materiais foram disponibilizados por temas, em módulos e, a cada módulo, havia fóruns de debates onde os participantes comentavam e colocavam perguntas e questões para os tutores responderem.
“Para mim foi uma experiência muito rica ser tutora, por ver que, à medida que o curso avançava, os participantes paulatinamente iam amoldando suas expectativas ao real objetivo da adoção: proporcionar uma família a uma criança, dispondo-se a acolher crianças de perfil diverso daquele que inicialmente imaginaram. Parabéns àjuíza Katy Braun e seus colaboradores que organizaram os excelentes materiais de apoio, e parabéns à Coordenadoria da Infância, na pessoa da Desa. Elizabete Anache, pela experiência pioneira que foi, sem dúvida, um completo sucesso”, concluiu.
As magistradas foram auxiliadas por técnicos da CIJ e Doêmia Ceni é uma delas. Acostumada com adoções, pois presidiu um grupo de apoio à adoção em Coxim, ela conta que a pandemia trouxe grandes desafios e foi preciso buscar alternativas para dar continuidade ao curso de preparação à adoção para aqueles que desejam e podem dar o amor e o cuidado que crianças e adolescentes, por algum motivo, perderam.
Ela acredita que diante das crises é que nascem projetos de sucesso, e assim foi com o curso de preparação à adoção: Nasce uma Família. “Tivemos muito cuidado e carinho na organização do curso, principalmente por ser tão importante na preparação dos futuros pais de nossas crianças e adolescentes, afinal elas são prioridade absoluta em todos os sentidos”.
Para ela, a modalidade EaD facilitou a participação dos pretendentes, que puderam organizar em suas rotinas o melhor horário para acompanhar o curso. “Tivemos uma reunião de encerramento on-line, com a contribuição tecnológica do colega Diógenes, da comarca de Sidrolândia, para finalizar o curso e nos conhecermos. Foram três horas de muita emoção, alegria e gratidão. O amor e cuidado perdidos só são possíveis em uma nova família. O amor e a infância não podem esperar porque o tempo não espera...”.
Por fim, para que o curso alcançasse tamanho sucesso foi necessário dividir os participantes em quatro turmas e para cada uma delas havia um tutor responsável. Pela 1ª turma respondeu Naura Clívia Ortiz Bernardo e Ioara de Moura Paranaíba Borges; a 2ª turma foi atendida por Maria Zélia Santos Gonçalves e Rita Olinda Diniz Marques; a 3ª turma por Elisangela Facirolli do Nascimento e Luiz Fernando de Lima Alves, e a 4ª turma por Valirene Campos Schmitz Pereira e Vanderlice Insabral. Todos são assistentes sociais e psicólogos que atuam em varas da infância como técnicos preparados para tal responsabilidade.
FONTE: TJMS
