MPE quer anulação de júri que inocentou mandante de assassinato em Vera
segunda-feira, 03 de julho de 2006, 00h00
O Ministério Público Estadual (MPE) aguarda com urgência o deferimento do recurso que pede a anulação do júri do fazendeiro Vilmar Taffarel. Ele é acusado de ser mandante do assassinato, em 2001, do ex-vereador de Vera (458 quilômetros ao Norte de Cuiabá), Augusto Alba, mas que resultou na morte da filha do parlamentar, Keyla Suele Alba, 12. De acordo com o promotor de Justiça Paulo César Dancieri Filho, o MPE está otimista quanto À decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, considerando que a promotoria apresentou vários fundamentos, tanto para justificar a nulidade do júri quanto para ratificar a importância da realização de um novo.
'O primeiro veredito foi contrário À s provas dos autos. Enquanto todos os acusados intermediários e o pistoleiro foram condenados, só o mandante foi absolvido'. Diz ainda que a nulidade do julgamento é justificada pelo fato de que o MPE defendeu a participação da testemunha Jânio Jorge dos Santos durante todo o júri, mas este só foi chamado minutos antes do término da audiência, quando já tinha se retirado do fórum após esperar o dia todo para ser ouvido.
O recurso foi ingressado pela promotora de Justiça da comarca de Vera, Clarissa Cubis de Lima. Ela contou com o apoio do promotor Paulo Dancieri, designado para a realização dos julgamentos dos envolvidos no crime. Segundo Clarissa Cubis, mais importante agora para 'fazer justiça' é que o recurso seja deferido e, ao fim, Taffarel seja condenado, a exemplo dos comparsas. Tarcísio Ribas Thiesen foi julgado na sexta-feira ( 30 de junho) e setenciado a oito anos em regime semi-aberto. Já Isaías da Silva enfrentou o júri popular no último 29 de junho, sendo condenado a 14 anos de prisão em regime inicial fechado. O autor dos disparos, réu confesso Charles Borges, levou 16 anos de prisão, em março deste ano.
A promotora pede condenação de Taffarel por homicídio duplamente qualificado, cuja pena varia de 12 a 30 anos de prisão. 'É um caso importante na cidade. Além de culminar na morte de uma criança e estar relacionado a pessoas importantes, o crime teve cunho político. Enquanto o mandante não for setenciado, a população ficará com sensação de impunidade. Quando ele foi absolvido, em novembro do ano passado, os moradores agiram com revolta. Agora, dizem que apenas os pobres foram condenados e o fazendeiro, que tem poder político, ficou livre', comenta. O julgamento de Taffarel teve repercussão nacional, sendo inclusive tema do programa Linha Direta da TV Globo. Foi acompanhado por cerca de quatro mil pessoas, entre juristas, acadêmicos de Direito, políticos e curiosos.
Keyla Alba morreu no lugar do pai, o ex-vereador de Vera, Augusto Alba. Na época, ele denunciou a gestão municipal por contratar servidores temporários de forma irregular, fraude nas prestações de contas de obras financiadas pelo governo do Estado e uso indevido de máquinas da prefeitura.Â
Tarcísio Ribas Thiesen foi condenado por contratar e vender uma arma para Isaías da Silva. Este, por sua vez, foi quem fez o contato com o autor dos disparos, Charles Borges. Segundo o MPE, Charles Borges chegou À casa de Augusto e pediu água. Augusto foi atingido por um tiro, mas agachou-se e se escondeu dentro da residência. Keyla, que também fugia dos disparos, foi atingida no peito e morreu.
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