Lucas recebe prêmio ambiental
quarta-feira, 31 de janeiro de 2007, 00h00
PRESERVAÇÃO
Rose Domingues
A Gazeta
Um projeto desenvolvido pela Prefeitura de Lucas do Rio Verde (350 km de Cuiabá), em parceira com a ONG internacional The Nature Conservancy (TNC), é destaque na 1ª edição do "Prêmio Brasil de Meio Ambiente". A meta dos próximos dois anos é regularizar o passivo sócio-ambiental das 600 propriedade rurais, que totalizam 364 mil hectares, das quais 80% precisam de reposição em Área de Reserva Legal -cerca de 72 mil - e Área de Proteção Permanente (APP).
Segundo a secretária de Agricultura e Meio Ambiente da localidade, para atender ao Código Florestal, as fazendas deveriam ter preservado 35% da sua área, mas a maioria não chega a um índice de 20%. "Já temos levantamento de 30% das propriedades, em seis meses concluímos essa primeira fase dos trabalhos e partimos para a ação, isto é, mobilização dos produtores".
A coordenadora de Recursos da Informação da TNC, Marli Santos, diz que a iniciativa é pioneira no país e certamente servirá de base científica para outros municípios e Estados. O projeto aposta que há meios de conciliar os ganhos da produção rural e preservação ambiental. "O fazendeiro sabe da necessidade de manutenção da água, ninguém vai querer que a partir da destruição da cobertura vegetal o rio seque ou ofereça menos água ou que exista mudança no microclima da região e isso interfira na quantidade de chuvas".
Uma equipe sob a supervisão da ONG prepara um relatório completo sobre a situação atual das áreas, para posterior diagnóstico completo indicando onde estão as melhores oportunidades de preservação da biodiversidade. A maior dificuldade, na avaliação de Marli, estará no processo de negociação com os produtores. "Mas como essa intenção de zerar o passivo partiu de uma parceria com o setor, há intenção política, a tarefa não seja tão difícil de se colocar em prática".
Mais segurança - Além de conter o avanço da fronteira agrícola, a proposta do projeto é acabar com os problemas trabalhistas e tornar o uso correto e seguro de agroquímicos uma realidade em todas as propriedades. Os adubos, fertilizantes e defensores agrícolas precisam de local adequado para armazenamento, funcionários treinados para manuseio e utilização de Equipamentos de Proteção Individual.
A proposta levou cerca de dois anos para ser elaborada. Entre os demais parceiros estão: Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Fundação Rio Verde, Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, Ministério Público Estadual (MPE) e empresas como Sadia, Syngenta e Fiagril.
Prêmio - Lançado este ano pelo Jornal do Brasil, em parceria com a Gazeta Mercantil e a revista Forbes, o 1º Prêmio Brasil de Meio Ambiente selecionou oito trabalhos vencedores e listou outros sete como homenageados, entre ONGs, agências de publicidade e personalidades. A entrega aconteceu na noite de segunda-feira (29), no Copacabana Palace, na cidade do Rio de Janeiro.
Crescimento - O ritmo de crescimento de Lucas do Rio Verde, que tem apenas 18 anos de existência, é de pelo menos 10% ao ano. A base econômica do município - que hoje conta com 18 mil habitantes - está na agricultura (soja, milho e algodão) e criação de suínos, aves e confinamento de boi. Dos 364 mil hectares, 250 mil são responsáveis por duas safras, a normal e a "safrinha" (milho e 10% da área em algodão). A produção local corresponde a 1,5% da nacional em grãos, o equivalente a 1,8 milhão de toneladas por ano. Apesar da "juventude", a cidade significa a 10ª economia de Mato Grosso. (RD)