'ERGÁSTULO'
Presos em operação prestam depoimentos ao Gaeco

por CRISTINA GOMES
quarta-feira, 20 de abril de 2011, 16h11
O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) cumpriu treze dos quatorze mandados de prisão que foram expedidos pelo juízo da 9ª Vara Especializada Delito Tóxico, na manhã desta quarta-feira, (20.04), durante a operação Ergástulo. Apenas um dos acusados, o agente carcerário Valderson Wilson Guimarães, não foi encontrado e está sendo procurado pela polícia. De acordo com as investigações ele seria um dos principais aliados na facilitação da entrada de entorpecentes, celulares, chips e outros produtos na penitenciária.
Entre os presos ouvidos na tarde de hoje pelos promotores de Justiça do Gaeco estão o agente prisional Ronei José da Silva e os policiais militares, Leonardo de Freitas, Cássio Renato dos Reis e Júlio César de Amorim. Também prestam depoimento, Odair Alves Pereira, Sandro Antonio Barbosa Michelon, Junior Queiroz Ferreira e Aline Laura Ferreira da Silva, todos acusados de associação ao tráfico.
A partir de segunda-feira (25.04) os outros acusados que se encontram reclusos em penitenciárias em Cuiabá serão interrogados. São eles: Burt Lancort da Silva Meneses, Amilton Rodrigues de Souza, Everaldo Manoel Hurtado, Liliane Leite Silva e Udson de Souza Lima.
Entre os crimes a eles imputados estão: tráfico de entorpecentes, associação ao tráfico, corrupção ativa e passiva, como também formação de quadrilha, com atuação contínua nas imediações e dependências da Penitenciária Central do Estado.
O coordenador do Gaeco, Procurador de Justiça Paulo Roberto Jorge do Prado, destacou o trabalho da juíza de Direito Maria Cristina de Oliveira Simões. “A atitude firme da magistrada demonstrou competência e coragem no exercício da função o que foi decisivo para o sucesso das investigações e da operação.
ENTENDA O CASO: O Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por intermédio do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (GAECO), deflagrou na manhã desta quarta-feira (20.04) , a “Operação Ergástulo”(cadeia pública), com objetivo é desmantelar uma quadrilha de criminosos que atuava nas imediações e dependências da Penitenciária Central do Estado (antigo Pascoal Ramos) intermediando o tráfico de drogas.
Além de pessoas que cumprem pena no presídio, traficantes, policiais militares e agentes prisionais também faziam parte do esquema. As investigações demostram que a organização criminosa com a ajuda da polícia era responsável por fazer a distribuição da droga dentro do presídio. Entorpecentes, aparelhos celular e até mesmo armas entravam sem que houvesse a mínima fiscalização.
De acordo com o promotor de Justiça Sérgio Silva da Costa, as investigações tiveram início em maio de 2010. Na ocasião, após dia de visita, policiais encontraram uma bolsa abandonada no pátio da Penitenciária com 6,6Kg de maconha, 200g de cocaína, 12 celulares, 1 balança digital e 7 chips de celular. Na época foi constatado o envolvimento do policial militar Fábio Barbosa Duarte, preso em flagrante no dia 15.05.2010.
Segundo o coordenador do Gaeco, Procurador de Justiça Paulo Roberto Jorge do Prado, foi comprovado que todos os envolvidos possuem relação direta com tráfico de drogas e devido a fragilidade do sistema prisional. “ Acredito que o Governador do Estado de Mato Grosso deva traçar urgentemente com todas as instituições envolvidas um plano de fortalecimento, modernização, aparelhamento e seleção criteriosa dos agentes públicos lotados nesse sistema prisional, pois o crime organizado continua a operar de dentro do presídio”, afirmou Prado.
Foto: Júlia Munhoz / Olhar Direto