Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

TJMT: Especialista: reconhecer o autismo é compreender a diversidade humana com responsabilidade social

terça-feira, 21 de outubro de 2025, 14h41

 

Mulher fala ao público durante o evento TJMT Inclusivo, em Rondonópolis. Ela segura um microfone e usa blazer amarelo com listras brancas, com bandeiras do Brasil e do Judiciário ao fundo no palco iluminado.

 

A manhã de debates da 5ª edição do projeto “TJMT Inclusivo - Capacitação e Conscientização em Autismo”, realizada nesta sexta-feira (17 de outubro) na cidade de Rondonópolis, foi concluída com a participação da psicóloga especialista em Neuropsicologia pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, Paola Cristina de Almeida Barcellos, que conduziu uma apresentação dedicada ao reconhecimento de sinais e critérios diagnósticos do transtorno do espectro autista (TEA).

Destacando que a compreensão do autismo vai além dos estereótipos, sendo um “ato de cuidado e responsabilidade social”, Barcellos alertou que a identificação precoce das manifestações do espectro pode transformar a trajetória de uma pessoa autista: “É na fase pequenininha que é melhor e mais fácil que a criança aprenda, porque o cérebro dela está criando aquelas conexões”.

 

Mulher apresenta no palco do TJMT Inclusivo, ao lado do púlpito do Poder Judiciário de Mato Grosso. Na tela, aparecem definições dos manuais DSM-V e CID-11 usados para diagnóstico do autismo.

 

Graduada em Psicologia pela Universidade Católica de Vitória, Barcellos ressaltou que o autismo é uma condição neurológica, e não uma doença, que “faz parte da identidade de cada pessoa”. Segundo ela, trata-se de uma condição que afeta a forma como a pessoa se comunica, interage com o ambiente e percebe o mundo ao seu redor, já presente desde a fase intrauterina.

Durante a palestra, a psicóloga trouxe explicações acessíveis sobre os critérios utilizados atualmente para o diagnóstico clínico, destacando o uso do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e da CID-11 (Classificação Internacional de Doenças). Esses manuais são as principais ferramentas da comunidade científica e médica para a avaliação do TEA.

 

Palestrante segura microfone e controle, explicando sobre autismo durante o TJMT Inclusivo. Ela usa blazer amarelo listrado e está diante de projeção com texto sobre critérios diagnósticos.

 

O transtorno, segundo ela, é caracterizado por dois pilares: déficits persistentes na comunicação e interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Em sua explanação, Barcellos exemplificou sinais frequentes em crianças pequenas, como ausência de contato visual, falta de resposta ao nome, ausência de gestos como apontar para demonstrar interesse e atraso ou perda da fala.

Entre os comportamentos repetitivos, citou gestos como “movimentar muito as mãos”, “falar de forma repetitiva”, além da preferência por temas muito específicos.

Ao tratar da variabilidade do espectro, Barcellos alertou que “não existe uma pessoa que é pouco autista ou mais autista, quem é autista, é autista”, reforçando a importância de compreender o autismo como um espectro amplo, que abrange diferentes perfis e necessidades.

 

Autoridade e palestrante posam sorridentes com certificado no palco do TJMT Inclusivo, em Rondonópolis. Atrás deles, o painel colorido exibe a identidade visual do projeto “Autismo na Escola”.

 

Durante a apresentação, também foram desmontados alguns mitos recorrentes sobre o autismo. A psicóloga foi enfática ao afirmar que “autismo não é causado por vacinas” e que “não é resultado de má educação dos pais”. Outro ponto ressaltado foi a ideia equivocada de que todos os autistas são gênios: “Podemos sim ter muitos autistas geniais, mas não necessariamente todos serão”.

Barcellos também tratou das questões sensoriais, comuns entre pessoas com autismo. “Aproximadamente 75% podem ter alguma disfunção de processamento sensorial”, o que pode incluir hipersensibilidade a sons, luzes, cheiros ou texturas, por exemplo.

A psicóloga encerrou sua participação agradecendo ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) pela realização do evento e pela oportunidade de ampliar o debate sobre a conscientização e capacitação em autismo. “Quero agradecer imensamente essa oportunidade de estar aqui palestrando e falando com vocês sobre um tema tão importante, tão significativo na nossa sociedade”.

O evento

 

 

A 5ª edição do projeto “TJMT Inclusivo – Capacitação e Conscientização em Autismo” é promovida pela Comissão de Acessibilidade e Inclusão do TJMT, presidida pela desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho,  e pela Diretoria do Fórum de Rondonópolis, em parceria com a Escola Superior da Magistratura (Esmagis-MT), da Escola dos Servidores, do Projeto Autismo na Escola e da ADNA de Rondonópolis. O evento reuniu magistrados(as), servidores(as), profissionais da saúde, da educação, estudantes, familiares e pessoas atípicas.

A iniciativa está alinhada com a Resolução CNJ nº 401/2021, que estabelece diretrizes de acessibilidade no Poder Judiciário.

A edição em Rondonópolis soma-se a outras já realizadas em Cáceres, Sinop, Sorriso e Cuiabá. 

 

Fonte: TJMT


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