Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

Polícia Civil apreende quatro adolescentes em nova fase de operação contra crimes de ódio pela internet

quarta-feira, 14 de maio de 2025, 16h45

 

A Polícia Civil apreendeu quatro adolescentes na segunda fase da "Operação Adolescência Segura", que mira crimes cibernéticos cometidos contra crianças e adolescentes. Eles foram encontrados em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e no Paraná.

 

Os agentes saíram para cumprir cinco mandados de Internação Provisória. O quinto adolescente é procurado também no Paraná. Um mandado de busca foi cumprido em São Paulo. Todos os alvos, com idade entre 13 e 17 anos, tinham posição de chefes da quadrilha.

 

O grupo é responsável por diversos crimes cometidos pela internet, como tentativa de homicídio, encorajamento de suicídio, armazenamento e divulgação de pornografia infantil, além de apologia ao nazismo.

 

Os adolescentes se organizavam virtualmente, em plataformas como Discord, e realizavam desafios e competições, sempre de crimes de ódio. De acordo com a polícia, o grupo conseguia imagens íntimas das vítimas e ameaçava divulgar para amigos e familiares. Os adolescentes eram coagidos a cometer automutilação ou atos violentos, segundo o titular da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima, Cristiano Maia.

 

'Eles obtinham, por exemplo, uma foto íntima, um dado, alguma coisa que eles pudessem usar contra essa criança, contra esse adolescente, e, a partir desse momento, faziam diversas coações morais irresistíveis, é o que está nos autos, para que eles praticassem diversos atos, como, por exemplo, estupro virtual, automutilação, cortar o canto da boca e inserir uma lâmina dentro da garganta, dissecar animais vivos, tudo isso ao vivo pelo Discord. Um dos alvos também oferecia dinheiro para que criança se automutilasse, tem até uma tabela de preço nos alvos, de acordo com a parte do corpo'.

 

A operação desta quarta-feira mobilizou cerca de 60 policiais civis em todo o país.

 

As investigações começaram em fevereiro, quando um morador em situação de rua teve o corpo queimado por um adolescente, no bairro Pechincha, Zona Oeste da capital. O ataque foi filmado e transmitido ao vivo para cerca de 220 pessoas. A partir deste caso, a polícia descobriu que o crime não se tratava de um fato isolado.

 

Segundo os agentes, os integrantes do grupo, mesmo usando plataformas criptografadas, encerraram e abriram servidores para tentar despistar a Polícia Civil. O delegado Cristiano Maia deixou um recado para os pais dos adolescentes e para os criminosos que praticam esses atos.

 

'Os adolescentes têm que entender, quem está praticando esse fato, que eles buscam técnicas para se tornarem anônimos nas redes. Só que a Polícia Civil, através das nossas ferramentas especializadas, a gente consegue identificar. Hoje, os pais não estão percebendo que a criança ou o adolescente está do seu lado, dentro da sua casa, desprotegido ali na frente do computador. Não é criar a sociedade do pânico, mas é entender que cada um tem essa missão, que talvez seja nova, talvez em decorrência de uma característica diferente, geracional, não esteja claro para os pais'.

 

A nova etapa da operação ocorre um mês após a 1ª fase, realizada em 15 de abril, quando dois adultos foram presos, e sete menores, apreendidos.

 

A Polícia Civil informou que vai seguir com os trabalhos de inteligência para identificar outros integrantes da organização criminosa.

 

À CBN o Discord enviou um posicionamento sobre o caso. Veja, abaixo, a nota na íntegra.

 

"Violência e atividades ilegais não têm espaço no Discord ou na sociedade. Neste caso, o Discord compartilhou proativamente informações com as autoridades competentes, em conformidade com a lei, baniu as contas envolvidas e derrubou o servidor. O Discord conta com equipes especializadas que atuam diretamente no combate a essas redes organizadas e investe pesado em ferramentas avançadas de segurança e sistemas de moderação para proteger nossos mais de 200 milhões de usuários no mundo todo, porque sabemos que manter a segurança online hoje exige atenção constante. Estamos totalmente comprometidos em colaborar com as autoridades locais para garantir um espaço seguro e positivo para todos os nossos usuários no Brasil."

 

Fonte: CBN. GLOBO


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