Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

Símbolo da luta pelo fim do feminicídio, banco vermelho é instalado em Augustinópolis e Araguatins

terça-feira, 26 de novembro de 2024, 14h03

várias pessoas em pé em frente ao grande banco vermelho numa praça em Araguatins

 

Depois de Colinas do Tocantins, Tocantinópolis, Paraíso do Tocantins, Taguatinga, Miranorte, Porto Nacional e Miracema, agora foi a vez de Augustinópolis e Araguatins, na região do Bico do Papagaio, receberem o grande banco vermelho. Com 4 metros de comprimento por 1,80 metros de altura, a intervenção urbana foi projetada para chamar a atenção e dar visibilidade à causa do feminicídio.

 

Em Augustinópolis, o banco vermelho foi instalado pelo Poder Judiciário do Tocantins na Praça Ary Valadão, no último dia 18 de novembro. Em Araguatins, a ocupação está situada na Praça da Matriz, onde o marco de grande impacto social foi inaugurado no dia 19.

 

A cor vermelha, que simboliza o sangue derramado pelas vítimas, reforça ainda mais o impacto da instalação, que é fruto de uma ação conjunta do Tribunal de Justiça do Tocantins, por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid/TJTO), em parceria com as prefeituras municipais.

 

Esforço contínuo

 

A juíza responsável pela Cevid/TJTO, Cirlene Maria de Assis Santos Oliveira, ressaltou, em Augustinópolis, que a instalação do Banco Vermelho faz parte de um esforço contínuo para combater a violência de gênero em todo o Estado. Ela também destacou a importância de envolver a comunidade em ações educativas e de apoio às vítimas de violência, reforçando o compromisso do Tribunal de Justiça em enfrentar esse problema de forma preventiva e com o apoio de todos.

 

Seis pessoas, sendo duas mulheres, a juíza ao centro, sentadas no grande Banco Vermelho

 

De acordo com a juíza, a campanha "Feminicídio Zero" será realizada em duas etapas. "Estamos iniciando uma campanha de instalação do Banco Vermelho em Augustinópolis, e essa é a primeira fase. Por meio de um primeiro termo de cooperação, o prefeito disponibiliza o espaço público para a instalação do banco. Já na segunda etapa, programada para 2025, ações educativas serão desenvolvidas nas escolas municipais de ensino fundamental para combater a violência contra a mulher", explicou.

 

O prefeito Antônio do Bar também se pronunciou sobre a importância da iniciativa: “Fiquei muito feliz em conhecer o Projeto Banco Vermelho e assinar esse compromisso tão importante para a nossa cidade. Tenho certeza de que será um marco na luta contra a violência e pela proteção das nossas mulheres. Agradeço ao Instituto Banco Vermelho, ao Tribunal de Justiça do Tocantins e à Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Poder Judiciário por trazerem essa importante iniciativa para Augustinópolis.”, declarou o prefeito.

 

 

Números da violência

 

Os números alarmantes divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) destacam a gravidade da violência contra as mulheres no Brasil. Em apenas cinco meses deste ano, foram registrados mais de 380 mil casos, o que corresponde a uma média diária superior a 2,5 mil novas ações judiciais. Segundo dados do DataJud, desse total, 318.514 ocorrências referem-se à violência doméstica, 56.958 a estupros e 5.263 a feminicídios, evidenciando a urgência de medidas efetivas para combater essa realidade.

 

Em Araguatins, a juíza Cirlene Maria Assis destacou a relevância do engajamento da comunidade local no combate à violência de gênero. Lembrou que o "Banco Vermelho" vai além de um símbolo visível na praça, sendo um poderoso instrumento de reflexão e conscientização sobre a violência doméstica. “Que este símbolo não seja apenas visível pela sua presença física, mas que inspire reais na vida de quem enfrenta ou combate essa violência”, disse, ressaltando o impacto que a iniciativa pode ter na transformação de atitudes e no fortalecimento da rede de apoio às vítimas.

 

Juíza Cirlene à direita e juíza Nely à esquerda sentadas no grande Banco Vermelho

 

A juíza Nely Alves da Cruz, diretora do Fórum de Araguatins, revelou um relato pessoal tocante sobre sua experiência em um relacionamento tóxico e abusivo, no qual foi vítima de diferentes formas de violência. Ela enfatizou que a violência doméstica é um problema democrático, pois não escolhe a mulher nem o lar, atingindo pessoas de todas as idades, classes sociais e situações familiares.

 

Sua história, cheia de coragem e resiliência, trouxe à tona a urgência de unir esforços no combate à violência de gênero. A juíza encorajou as mulheres a se posicionarem, reforçando que a luta contra a violência doméstica precisa ser um compromisso coletivo, onde todas as vozes têm importância.

 

O trabalho de conscientização não se limita ao símbolo, mas se estende à educação e ao engajamento da comunidade, que será parte ativa nesse esforço para erradicar a violência do gênero. Como já é tradicional nos locais onde o Banco Vermelho foi instalado, em Araguatins, ele também será um ponto de partida para diversas ações educativas nas escolas e outros espaços.

 

Instituto Banco Vermelho

 

O IBV foi fundado em 25 de novembro de 2023, tendo como marco o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. A iniciativa surgiu da experiência pessoal de duas mulheres de Recife (PE), a publicitária e ativista Andrea Rodrigues e a executiva de marketing Paula Limongi, que transformaram o luto pela perda de entes queridos em um movimento ativo pela mudança.

 

O Instituto visa o #feminicídiozero não como um ideal inalcançável, mas como um compromisso coletivo. E para reforçar a conscientização, o IBV utiliza bancos vermelhos gigantes em espaços públicos e privados. Esses bancos também fornecem informações sobre canais de apoio às vítimas e servem como pontos de acolhimento, reflexão e informação.

 

Em 31 de julho de 2024, o Presidente Lula sancionou a Lei nº 14.942, que incorpora iniciativas do IBV ao "Agosto Lilás", o mês dedicado à proteção das mulheres. A lei prevê a instalação de bancos vermelhos em locais públicos e a premiação de projetos relacionados à conscientização e enfrentamento da violência contra a mulher.

 

 

Fonte: TJTO


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