Ministério da Saúde vai emitir nota para prever uso da imunoglobulina no tratamento de síndrome associada à covid-19
sexta-feira, 14 de agosto de 2020, 09h04
O tema foi discutido em reunião realizada a partir de articulação conduzida pelo Giac
Arte: Pixabay
O Ministério da Saúde se comprometeu a emitir nota informativa para prever o uso da imunoglobulina humana no tratamento da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) associada à covid-19. Esse foi o resultado de reunião realizada nesta quinta-feira (13), entre representantes do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério da Saúde, a partir de interlocução promovida pelo Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia de Covid-19 (Giac). Rara, a síndrome acomete crianças e adolescentes infectados pelo coronavírus e pode levar à morte. Os sintomas são febre alta e persistente, lesões na pele e na boca, dores abdominais, náuseas e diarreia. O tratamento é feito com imunoglobulina humana, um medicamento caro e de difícil aquisição. A reunião tratou da falta de um protocolo específico para atendimento, abastecimento e uso da imunoglobulina nessas situações.
Segundo os representantes do Ministério da Saúde, não é necessário criar ou alterar protocolos neste momento devido ao tempo que seria necessário para sua conclusão. É suficiente uma nota informativa prevendo o uso do medicamento nessas situações e indicando a dose. Solução similar já foi adotada antes, no surto de chikungunya, doença que pode desencadear a síndrome de Guillain-Barré. A edição da nota informativa permitiria, inclusive, que os estados que já usaram o medicamento para tratar a síndrome possam justificar a utilização.
Foi discutida também a situação de desabastecimento do remédio, que está em falta no mercado mundial e é utilizado para tratamento de diversas doenças. Os técnicos do Ministério da Saúde informaram que há pregão emergencial para a compra de 50 mil doses da imunoglobulina humana em fase final. A quantidade seria suficiente para atender à demanda do país pelos próximos dois meses, incluindo pacientes com SIM-P. Até julho, segundo dados do próprio Ministério, foram registrados 71 casos da síndrome e três mortes no Brasil.
Na avaliação do procurador da República Vitor Mariz, representante do MPF no encontro, a reunião foi produtiva e cumpriu o objetivo de construir uma solução conjunta para o caso, de forma a proteger a vida e a saúde de crianças e adolescentes.
Fonte: Ministério Público Federal