Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

TJMT:Expedição Araguaia-Xingu: mulher adotada relembra infância difícil e destaca valor da entrega legal

quinta-feira, 09 de outubro de 2025, 13h15

Entre histórias de superação e acolhimento, um depoimento emocionou quem participou das atividades da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja) durante a 7ª Expedição Araguaia-Xingu, no município de Bom Jesus do Araguaia. 

 

Enquanto ouvia atentamente as explicações sobre os processos de adoção e a importância da entrega voluntária, a merendeira Luciana Oliveira do Nascimento Farias decidiu contar algo que guardava há muito tempo: sua própria história. 

 

“Fui muito, muito maltratada. Se houvesse um programa como esse [entrega voluntária], minha vida seria diferente. Certeza”, afirmou. 

 

Luciana foi adotada ainda bebê, num contexto sem qualquer acompanhamento judicial. A mãe biológica, menor de idade e sem o apoio da família, entregou a filha a um casal que havia acabado de perder uma criança. 

 

Para ela, a presença da Ceja na Expedição é mais do que uma ação informativa, é uma chance de evitar que outras crianças cresçam sem o amparo e o amor que merecem. 

 

“Foi maravilhoso e gratificante [participar desse momento]. Contei um pouco da minha história, que me fez sofrer muito”, disse, com os olhos marejados. 

 

A psicóloga Aretuza Wanesa de Deus Aburad, da Ceja, explica que o trabalho realizado durante a Expedição vai além da conscientização sobre adoção. 

 

 

“Foram dias de profunda conexão. As pessoas chegaram tímidas, mas, aos poucos, começaram a se abrir. Ouvir histórias como a da Luciana reforça o quanto é essencial falar de adoção de forma responsável e humana”, contou. 

 

Além de abordar o tema da adoção e da entrega voluntária, a Ceja também trabalhou ações educativas sobre violência doméstica e proteção de pessoas vulneráveis, em parceria com a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cemulher/MT). 

 

“Tudo está interligado. Muitas crianças que chegam a uma instituição são fruto de lares desestruturados, marcados pela violência. Nosso trabalho é também fazer com que as pessoas entendam que podem denunciar e buscar ajuda”, destacou Aretuza. 

 

A professora Joelma Gomes de Souza Silva, da Escola Estadual Professor Gerson Carlos da Silva, onde aconteceram os atendimentos, que acompanhava a atividade, reforçou a importância de ampliar o diálogo sobre o tema nas escolas. 

 

“São momentos que deveriam crescer mais. Todas as instituições precisam desse conhecimento. A entrega legal pode mudar a visão das pessoas e evitar adoções irregulares, como no caso da Luciana”, afirmou.

 

A Ceja é vinculada à Corregedoria-Geral da Justiça e tem a missão de orientar, executar e fiscalizar os procedimentos de colocação de crianças e adolescentes em famílias substitutas, atuando como autoridade central nos processos de adoção nacional e internacional. 

 

A iniciativa, conduzida pelo juiz José Antonio Bezerra Filho, coordenador da Justiça Comunitária do TJMT, contemplou nesta primeira fase os municípios de Campinápolis (Distrito de São José do Couto) e Bom Jesus do Araguaia.  A Expedição Araguaia-Xingu é um importante instrumento de aproximação entre o Judiciário e a sociedade impactando diretamente a vida das comunidades por onde passa.

 

Parceiros da 7ª Expedição Araguaia-Xingu

 

Compõem a lista de parceiros e instituições participantes a Casa Civil, a Proteção e Defesa Civil, a Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel) — nas áreas de Cultura e Esporte —, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), a Secretaria de Estado de Saúde (SES), por meio do programa Imuniza Mais, e a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).

 

Integram ainda o grupo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), o Juizado Especial Volante Ambiental (Juvam), o Programa Verde Novo, a Companhia de Polícia Ambiental de Tangará da Serra, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, o Detran-MT, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a Polícia Judiciária Civil (PJC), o Exército Brasileiro e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

 

Somam-se aos parceiros a Defensoria Pública de Mato Grosso, o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), o Núcleo Gestor da Justiça Restaurativa (Nugjur) do TJMT, a Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja), a Caixa Econômica Federal, a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), a Receita Federal, a Aprosoja e a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).

 

A relação de colaboradores contempla também a Energisa, as Prefeituras de Campinápolis e de Bom Jesus do Araguaia, além do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). 

 

Acesse outras fotos da Expedição no Flickr do TJMT

 

 

FONTE: TJMT

 


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