Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

Mulheres dedicam quase 10 horas a mais por semana do que os homens a cuidados não remunerados

quarta-feira, 19 de novembro de 2025, 13h33

No Brasil, as mulheres dedicam em média 9,8 horas a mais por semana ao trabalho de cuidado não remunerado do que os homens. Essa carga é ainda maior entre mulheres negras, que chegam a dedicar 22,4 horas semanais. É o que revela o novo estudo Políticas para a Corresponsabilidade no Mundo do Trabalho, lançado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em parceira com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).

 

Foto: Lyon Santos / MDS

 

O estudo mostra um panorama detalhado sobre os impactos das responsabilidades familiares na trajetória profissional de trabalhadoras e trabalhadores, com foco na promoção da igualdade de gênero. Nas áreas rurais, elas realizam mais que o dobro de horas de trabalhos de cuidado do que os homens, e a diferença de gênero é maior do que nas áreas urbanas (as mulheres realizavam 12,4 horas a mais do que os homens no campo).

 

A Secretaria Nacional de Cuidados e Família do MDS participou da elaboração da pesquisa e, segundo a diretora do Departamento de Economia do Cuidado, Luana Pinheiro, as funções que cada indivíduo exerce no mercado de trabalho não deveriam ser prejudicadas pelo fato de existirem responsabilidades de cuidados. No entanto, a sobrecarga de cuidados limita a participação das mulheres no mercado de trabalho, ao impactar o acesso ao emprego, à formação profissional e à progressão na carreira, o que perpetua desigualdades estruturais.

 

“As jornadas de trabalho longas, com pouca flexibilidade, dificultam a compatibilização da vida pessoal, familiar e profissional”, reforçou a diretora do MDS. “O Plano Nacional de Cuidados prevê um eixo inteiro de ações voltadas para desenvolvimento de políticas que possam promover a compatibilização entre as necessidades de cuidado, tempo em família e a vida profissional”, destacou Luana Pinheiro.

 

Globalmente, as mulheres realizam 76,2% de todo o trabalho de cuidado não remunerado no mundo, dedicando 3,2 vezes mais tempo do que os homens. O dado aponta que 606 milhões de mulheres realizam trabalhos de cuidado não remunerados em tempo integral, em contrapartida a 41 milhões de homens.

 

Ainda conforme o estudo, 50% das mulheres deixam o mercado de trabalho até dois anos após o nascimento do primeiro filho, enquanto os homens, em média, aumentam seus rendimentos nesse mesmo período. A ampliação das licenças maternidade, paternidade e parentais, com uso equitativo entre homens e mulheres, é apontada como medida essencial para mudar esse cenário, promovendo a corresponsabilidade e reduzindo penalizações sobre as mulheres.

 

Fonte: Governo Federal.


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